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O CUBO DE VIDRO
23 de junho de 2019

Sonho de 28 de maio de 2019
Eu estou no banheiro dos meus pais, no apartamento da minha infância.  Estou dentro do box de vidro, encolhida.  Há um homem, um homúnculo, um monstro, moreno, baixo e muito forte.  Ele segura na parte superior do box, e mantem a parte frontal do seu corpo nu rente à parte externa do box.  Eu vejo seu falo ereto e tenho muito medo.  Fico paralisada, acocorada no chão do box, olhando para aquele homem assustador, que tenta subir a parede de vidro para me pegar.  Ele ejacula no vidro, e o sêmen sai com a consistência e a forma de uma pasta de dente que foi espremida.  Nesse momento, aparece do lado de fora do box, uma mulher madura, de pé. Eu me viro para olhá-la e, imediatamente, o homem mau desaparece.  A mulher madura me dá a mão e vamos caminhando, juntas, pelo apartamento, que está completamente destruído, em ruinas.  Não há mais paredes, os rebocos estão no chão, os tijolos estão expostos e o local está muito sujo.  Vejo, ao longe, minha mãe, de costas e com uma camisola comprida, completamente fragilizada.

Escrita espontânea
Desde a morte de meu pai, há dois anos e meio, a família ficou completamente desestruturada. Como família, não conseguimos nos unir, nem nos nutrir.  Sinto esse cubo de vidro simbólico a nos separar uns dos outros, mantendo a extrema solidão de cada um, apesar da convivência.  O monstro do homem mau sempre volta em meus sonhos quando tenho que olhar de frente para a fragmentação da família.  A criança ferida volta com seus medos da presença do avô abusador e do tio esquizofrênico que forçava a porta para entrar quando eu ía ao banheiro na casa da minha avó.  Nesse sonho, consigo acessar a sábia interna, a mulher forte, a minha babá, fada madrinha e cuidadora, que com sua presença mágica faz desaparecer o fantasma da violência. A casa está em ruinas, a família está destruída, o ninho não existe mais e a mãe se mantem nesse lugar eterno de fragilidade e alheamento.


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