Existe dentro de mim uma pedra escondida, brilhante, sintética e, ao mesmo tempo, infinita. Tal precioso amuleto, permaneceu, durante anos, contido em um quarto escuro, dentro de um antigo baú, coberto por pesados véus. 

Sem descanso, sua luz eterna me enviava mensagens e chamados, mas os meus monstros montavam guarda na entrada do aposento profundo e eu seguia a vida completamente ingênua em relação à existência do tesouro.

Aos poucos, com a coragem que a própria pedra me ensinava, sem que ainda soubesse, fui integrando os seres que me amedrontavam, ao percebê-los e acolhê-los como partes de mim. De forma mágica, a própria sombra visitada me ofereceu voluntariamente as chaves. Adentrei quartos desconhecidos, desci e subi escadas, encontrei janelas e frestas, abri portas que me conduziram a novos espaços. 

O talismã me buscava e eu a ele.

Fortaleci-me em confiança, desencantei-me do sofrimento e desejei verdadeiramente encontrar o sol. Começou assim, minha jornada.